
Seguro de transporte: um valioso aliado para a sustentabilidade logística
Há alguns meses, as autoridades do Clube Internacional de Seguros de Transporte (CIST) Brasileiro tiveram a gentileza de me convidar para participar de seu último Congresso em uma apresentação sobre “Seguros e Sustentabilidade da Cadeia Logística”.
Para tanto, e com a salutar intenção de contribuir para um público tão qualificado e para os anfitriões, comecei a procurar informações e bibliografia afins sobre o assunto e fiquei agradavelmente surpreendido em saber que o seguro de transporte quando aplica uma política de análise e prevenção de riscos contribuindo significativamente para a melhoria da sustentabilidade da cadeia logística (podendo ainda contribuir muito mais).
Antes de continuar, é conveniente contextualizar um pouco o tema.
Logística e Meio Ambiente
Estima-se que a atividade logística gere cerca de 10% dos gases de efeito estufa que deterioram a qualidade do meio ambiente. Isto deve-se, naturalmente, ao fato de o transporte e distribuição de mercadorias serem feitos inteiramente por meios que utilizam combustíveis fósseis altamente poluentes.
O avanço da tecnologia, do e-commerce e dos hábitos de consumo modernos, longe de melhorar, agravaram essa situação, principalmente no transporte terrestre, já que a chamada distribuição de última milha atomizou ainda mais o processo de entrega ao consumidor. Em outras palavras, a frequência das viagens se multiplicou exponencialmente; o que, aliás, pode ser uma explicação razoável para o fato de os engarrafamentos continuarem quando parte da população trabalha em casa.
Neste contexto de crescente preocupação com os efeitos das mudanças climáticas, vemos que a sociedade e as empresas estão tendo consciência da importância de apoiar iniciativas sustentáveis e amigas do ambiente. Iniciativas das quais, é claro, não são incomuns às seguradoras que tentam ser muito ativas em apoiá-las.
No entanto, o que eu não acho que esteja realmente ciente é da valiosa contribuição que as seguradoras especializadas na área de transporte vêm dando há décadas para limitar a poluição ambiental, muito antes de este ser um tema da agenda pública.
Práticas de Logística Sustentáveis
Para fundamentar meu ponto de vista, primeiro é necessário saber quais são as boas práticas recomendadas pelos especialistas para que o transporte de mercadorias seja o menos poluente possível.
Para isso, usaremos a seguinte tabela que aborda de forma abrangente o problema:
Classificação das práticas logísticas sustentáveis (*)
Classificação | Práticas | Autores |
Otimização de carga e rotas | Uso eficiente da capacidade de carga dos veículos Uso de sistemas para projetar rotas e/ou tornar o carregamento de veículos mais eficiente Evitar o deslocamento por rotas vazios ou com capacidade insuficiente | Abbasi e Nilsson, (2016);
|
Administração de veículos | Classificação dos veículos de acordo com seu tamanho e capacidade Seleção adequada de veículos para o cliente |
Abbasi e Nilsson, (2016; |
Monitoramento de veículos | Monitoramento de combustível usado por cada veículo Monitoramento das distâncias percorridas por cada veículo Monitoramento e limitação da velocidade dos veículos durante suas viagens Monitoramento e descarte de veículos no final de sua vida útil | Abbasi e Nilsson, (2016); |
Manutenção de veículos | Políticas estabelecidas para manutenção de veículos | Abbasi e Nilsson, (2016); |
Modo de transporte | Uso de meios de transporte que não sejam terrestres Uso de veículos menos poluentes, como veículos híbridos ou elétricos | Abbasi & Nilsson, (2016); |
Estratégias de distribuição e transporte | Fazer alterações nas rotas e/ou veículos quando necessário Ter um plano estabelecido de rotas de distribuição e transporte | Ciliberti et al., (2008); |
Reciclagem de materiais | Reciclar e/ou reutilizar materiais de embalagem, como caixas, paletes e recipientes | Carter e Jennings, (2002); |
Administração ambiental | Ter estabelecido programas e objetivos ambientais |
Carter e Jennings, (2002); |
Certificações e Relatórios
| Contar com certificações ambientais como ISO 14.000 Dimensionar e monitorar o desempenho ambiental Emitir relatórios de sustentabilidade | Miao et al., (2012);
|
(*) Autores: Daniela Lizeth Vargas Galeana, Francisco Javier Doria Mendoza, Maritza Álvarez Herrera do Centro Universitário “Adolfo López Mateos”, da Universidade Autônoma de Tamaulipas.
A contribuição efetiva do Seguro de Transporte
Depois de analisar as diferentes recomendações, constatamos que muitas delas convergem com aquelas que as seguradoras profissionais de transporte realizam através de seus programas de análise e prevenção de riscos.
Entre os mais relevantes estão os seguintes:
- Uso de sistemas para projetar rotas
- Monitoramento das distâncias percorridas por cada veículo
- Monitoramento e limitação da velocidade dos veículos durante suas viagens
- Ter um plano estabelecido de rotas de distribuição e transporte
- Políticas estabelecidas para manutenção de veículos
Para um modelo de seguro sustentável
Como é possível perceber, o seguro de transporte vem contribuindo para a melhoria das práticas logísticas, mesmo sem se ter consciência disso. No entanto, é possível contribuir ainda muito mais para o benefício do meio ambiente por meio de um melhor perfil de risco de sua carteira.
Nesse sentido, premiar as empresas que possuem políticas específicas para limitar ao máximo o impacto ambiental de sua atividade com leis de subscrição privilegiadas seria uma boa forma de fazê-lo.
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